sábado, 3 de outubro de 2009

Woody



Muitas vezes eu lia alguns depoimentos de Woody Allen, e por vezes o achava arrogante. "Quando penso em Kubrick, tenho que admitir que houve um cineasta melhor que eu" e coisas do tipo, me afastavam um pouco dos seus filmes, até porque, algumas de suas obras mais atuais são um pouco (pouco) diferentes da gama de maravilhas cinematográficas que ele produziu nos anos 70/80. Sem qualquer juízo de valor, é claro, mas "Match Point" e "Bananas" não parecem ter sido feitos pela mesmo cineasta, é só. Bem, isso superficialmente. Uma análise mais profunda evidencia a mão de um autor que tem o que dizer sobre e para a sociedade, por detrás desses filmes.

Pois bem, não precisei de muito para gostar (e bastante) de Woody Allen, depois de assistir à obra prima da década de 80 "A Rosa Púrpura do Cairo". Mas na última semana me dediquei a conhecer seu trabalho mais a fundo, e vi seus praticamente três primeiros filmes.

"Um Assaltante Bem Trapalhão" ("Take the Money and Run", 1969), seu primeiro como diretor e roteirista (antes já havia dirigido um filme, mas com outro diretor, o que dá a esse quase um caráter de "estréia"), é também o que achei mais engraçado até então. De fato, faz rir por besteiras, mas com uma classe que só Woody Allen tem. Não consigo imaginar outro exemplo de humor bobo e ao mesmo tempo fino, como nesse caso. Putz, é muito bom.

"Bananas" já é um humor mais politizado, sem perder a inteligência e a classe. O filme feito em 70 (mais precisamente, 1971), tem pelo menos uma cena que é completamente atual, ou que talvez, ganhe mais dimensão hoje do que já teve há 30 anos atrás ou em qualquer outro momento da história. No momento em questão, a lua de mel do casal principal é coberta pela imprensa. O que é isso, senão o fim da privacidade na era contemporânea e a febre dos reality shows?

"Tudo que você sempre quis saber sobre sexo", do ano seguinte, é no final das contas um deboche com o próprio sexo. Trata-se de uma série de histórias avulsas, como curta-metragens, que falam (ou mais ou menos isso), sobre o tema em questão. A última é genial. Coisa de Woody Allen. E hoje quando lembro das afirmações que ele fazia envolvendo Kubrick (e também Bergman, quando esse morreu), eu sorrio.

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