segunda-feira, 28 de setembro de 2009

As grades do condomínio são pra trazer proteção

Hoje fiquei na Zona Sul mais tarde. Acabei chegando em casa mais ou menos 21h30 da noite. Eu já esperava que fosse acontecer algum dia, mas quando de fato acontece, a ficha demora a cair. O portão da favela, que foi colocado na semana passada, estava trancado. Fiquei do lado de fora. Tive que dar a volta para chegar em casa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Homem Elefante



Se pudesse indicar um filme para alguém assistir antes de morrer, seria esse.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Marley, eu e o Cinema norte-americano

Assisti ao filme "Marley e Eu" no último domingo. Já devia ter ido preparado, sou meio sensível pra questões que concernem aos animais. Antes de assistí-lo, já tinha escutado algumas pessoas dizerem que choraram rios e que é um filme triste, etc., etc. As expectativas foram meio duais: por um lado, se tratava de uma adaptação de um dos grandes best sellers dos últimos anos; de outro, uma boa crítica do Pablo Villaça, geralmente exigente, além dos já citados "choros de final de filme".

É claro que alguns pseudo-intelectuais já devem ter descartado o livro só pelo fato de ser um mega sucesso, e consequentemente, o filme. Eu mesmo confesso nunca ter me interessado pela obra escrita, mas esses tipos de pré-julgamento às vezes usufruir certas emoções.

O filme é tipicamente norte-americano: uma comédia leve, com alguns momentos bem enfeitados e até mesmo, forçados. Mas deve-se admitir que a escolha de mostrar Marley como um cão e simplesmente isso, foi bem acertada. Não tenta-se mostrar um cachorro que é mais que isso; ele é um cachorro que vive na casa de seus donos. Poderia ser o nosso.

Eu preciso admitir que não consegui escapar, e também acabei o filme chorando. E se não tivesse me segurado, seria chorando muito. Se antes do terceiro ato, era um filme até meio bobinho, divertido, e ainda víamos Owen Wilson como o ator de comédias que é, a reta final toma um rumo competente. O próprio ator está bem no final; é seu grande momento. Mas a questão é uma: a história se sobressai sobre a linguagem, sendo isso uma virtude ou não. Os momentos finais da vida de um cachorro, pra quem já teve um, tem, ou gosta deles, é realmente duro. Duro demais.

Talvez o filme não trabalhe diretamente tudo que um cão representa. Ele simplesmente acompanha a vida do casal (com altos e baixos durante esse tempo, cinematograficamente falando), e o cão está lá, durante todos os anos. Os filhos nascem, crescem; o casal briga, se reconcilia; os empregos vão... Marley está lá. De certa forma, é até uma abordagem passiva.

Gostaria de falar mais sobre o filme; analisar mais profundamente seus aspectos, tanto técnicos quanto intelectuais. Não consigo, pelo menos agora. Sei que quando desliguei a televisão, minha vontade era abraçar meu cachorro. Me dói pensar quando vai chegar a sua hora, inevitavelmente. É como se nós merecessemos isso; eles, eles não.

Acabei dormindo ao seu lado.

Escola de bons filmes

Uma coisa é quase unânime na comunidade cinematográfica: a Pixar domina a gramática do bom Cinema. Desde o primeiro "Toy Story" e dos primeiros curtas-metragem, seus filmes são carregados de uma aura cheia de vida e intensidade, que elevou as animações para um patamar de qualidade quase próprio do estúdio. Poucos são os que encontram, dentro da cinematografia de sua filmografia, uma só nota destoante. Em outras palavras, a Pixar é para a animação, quase o que a Globo é para a TV (sem entrar em juízos de valores e moral).

"Wall-E" ("Wall-E", 2008), penúltima animação da empresa, é a prova viva do estágio alcançado pelo estúdio. O longa poderia ser facilmente considerado o "2001: Uma Odisséia no Espaço" das animações. Há coisas alí que definitivamente, só adultos (e não todos) serão capaz de perceber. A história de amor entre um robôzinho que vive sozinho em uma Terra inabitável no futuro, recolhendo lixo, e uma sonda robô, é também uma reflexão sobre os próprios seres humanos.

Aliás, características humanas a outros seres sempre foi um dos grandes desafios de todo animador. No filme dirigido por Andrew Stanton, não são só os olhos que criam uma identiicação entre uma máquina e o homem; são as próprias atitudes. O Wall E (como o robô é chamado) tem atitudes essencialmente nobres; nobreza essa até um tanto rara entre os próprios homens. Sua fragilidade e ao mesmo tempo, generosidade, é um ótimo contraponto ao que foi perdido pela humanidade, não só do filme, que se passa daqui a alguns séculos, mas também da vida real; do hoje.

Um detalhe que não pode passar despercebido é o cuidado meticuloso que a produção da obra tomou, ao cercar o filme não só com referências cinematográficas e filosóficas, mas também técnicas. A fotografia é deslumbrante, e o trabalho de som, impecável. O mestre Ben Burtt, nada mais nada menos que o designer de som de "Star Wars", assina também o design sonoro do filme, além de também supervisão de edição de som, designer das vozes das personagens e mixagem (junto com alguns outros, entre eles, Michael Semanick, responsável pela mixagem do brasileiro "O Homem do Ano"). Ainda por cima, a voz do Wall-E é de Burtt.

Indicado à 6 estatuetas do OSCAR, vencendo a de melhor animação, "Wall-E" colecionou prêmios. Segundo o IMDB, foram 44 ao todo, mais 37 indicações - coisa de obra prima. Não saberia dizer ao certo, se o filme da Pixar, de fato, é uma. Para mim, seu grande papel já foi feito: ele é uma previsão do futuro. E é claro, uma conquista cinematográfica de primeiríssima linha.


 

sábado, 12 de setembro de 2009

Carlos Saldanha

Assisti uma palestra do Carlos Saldanha, que me reforçou alguns pontos de vista. Pra quem não sabe, o Carlos é o diretor dos dois últimos "A Era do Gelo", além de co-dirigir o primeiro. O que isso significa? Que um brasileiro é um dos responsáveis por um dos grandes sucessos de bilheteria de anos específicos.
Saldanha tem integrado um time composto por Fernando Meirelles, Walter Salles e mais recentemente, Vicente Amorim, a filmar no exterior. Não só quaisquer filmes, mas grandes projetos. "A Era do Gelo" é um tradicional blockbuster de animação, e ter essa obra conduzida por um brasileiro é significativo.
Confessor não ter assistido aos filmes, mas ao ver a palestra, me interessei. O próprio admite o caráter comercial se sobrepondo ao artístico, no que concerne a animação. Não sei até onde isso corresponde ao que é, ou ao que não é. É complexo. Mas isso me faz pensar que há também resistência das pessoas em aceitar a animação como arte cinematográfica legítima.
Por favor, assistam a esse filme então: http://vimeo.com/3352352

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Alguns filmes

Mais um tempo sem computador; mais um tempo de conteúdo (?) atrasado. Pelo menos pude assistir à alguns filmes nos últimos dias que valem à pena.

Confesso que não assisti muitos filmes do Van Damme. Pelo menos não muitos que me marcaram, apesar de inevitalvemente me lembrar de "O Grande Dragão Branco" com certa simpatia nostálgica. Curioso que ao chegar às mãos um filme como "JCVD" (França, 2008), grande parte dos fãs do super astro irão recusá-lo. Eu arriscaria dizer que o filme que leva o nome de Jean Claude Van Damme no título (JCVD) é também seu filme mais diferente; peculiar. Talvez seja uma boa oportunidade para aqueles que não acompanham sua filmografia, e, infelizmente, um filme que vá desagradar aqueles que o fazem, já que não há uma ação frenética do começo ao fim, assim como uma série de elementos de sua carreira não se fazem presentes (até se fazem, mais em termos metalinguísticos).
Mesmo que resumir um filme seja injusto muitas vezes, vou arriscar: "JCVD" é um bom filme, que discute a própria figura do homem por trás do símbolo, e de como essa figura tornou-se também uma prisão angustiante. Pode-se questionar as habilidades de Jean Claude como ator, mas não pode-se questionar sua honestidade ao ver esse filme.
Detalhe para um monólogo ousado de Van Damme, quando ele fala direto com o espectador, que comprova, de certa forma, as linhas acima.
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Walter Salles e Daniela Thomas fazem realmente uma bela dupla de cineastas. "Terra Estrangeira", um dos primeiros de suas carreiras, é um belo trabalho de Cinema, com características que principalmente Walter soube desenvolver ao longo de sua carreira.
O filme é quase que estrangeiro de si mesmo. Da competência habitual desenvolvida nesses últimos anos, a obra radiografa bem, nos seus planos muitas vezes estéticamente bonitos, a vida daqueles que são estrangeiros em sua própria terra, e perdem-se em terras estrangeiras, em busca desse encontro pessoal. A escolha do preto e branco só torna mais coerente o sentimento que perpassa o longa. 
[*]
 
Um dos filmes mais comentados do último ano, "REC" realmente é muito bem feito. Filma a tensão com categoria exemplar; a direção de câmera é excelente. 
Sua ambição é dual: ele poderia, em alguns momentos, traçar um olhar sobre o ser humano como seu maior inimigo, já que se trata de um grupo de pessoas presos em um prédio em quarentena (daí o enlatado norte-americano que saiu depois, refilmagem). Ele não o faz. Mas talvez, de forma sutil, isso esteja lá em certas cenas.
 [*]
"Once" ou "Apenas uma Vez", como ficou entitulado no Brasil, é simplesmente maravilhoso. Eu arriscaria dizer que o filme irlandês é uma obra prima do Cinema contemporâneo, principalmente ao ler esse contemporâneo considerando termos estéticos cinematográficos produzidos nos últimos anos (o uso do digital, por exemplo; câmera na mão).
É difícil tratar com palavras de um filme que respira música (é um musical, mas bem diferente do que se espera de um). Na verdade, "Apenas uma Vez" é simplesmente um tratado maduro sobre o amor, honesto e verdadeiro.
Belo filme, belo filme.