quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Goodbye Solo




Um dos principais motivos que afasta o grande público dos filmes europeus, latinos, e até brasileiros, se concentra no fato da maior parte do Cinema feito nessas regiões ter um ritmo diferente do padrão monopolizador de Hollywood. Em outras palavras, as pessoas tendem a buscar no Cinema uma "anestesia", fugir da realidade; e nisso, os norte-americanos são mestres, mesmo que oscilando entre obras-primas e quase produtos. Quando algo exige do espectador que ele olhe as imagens, olhe de verdade, e não só seja olhado por elas, as coisas são diferentes.

Tudo isso se encaixa tão perfeitamente em um filão de filmes renegados aos multiplex, injustiçados ou não por isso. O que "Goodbye Solo", longa norte-americano que saiu vitorioso em Veneza e acumula notas altíssimas nos principais bancos de dados de críticos da internet, é exatamente uma constatação do que o Cinema pode fazer de melhor, sem ser um escape da realidade. O filme do diretor Ramin Bahrani, ao contrário de nos levar pra longe durante 1h30min, não; ele nos traz mais perto ainda da própria vida real. Nem todos querem isso, o que é compreensível e respeitável, mas também exclui uma das maiores contribuições que a sétima arte pode trazer para alguém.

"Goodbye Solo" é uma obra sobre a morte, e consequentemente, também sobre a vida. Mais que isso, é um filme de pessoas. Pessoas simples, como eu e você. O longa respira a vida real, mas o faz de forma poética e bonita. E assim, traz uma beleza a essa vida real que, aos meus olhos, soa mais bela que a que tantos outros filmes se esforçam em trazer, geralmente "enfeitando" as relações, as pessoas, e a própria vida.


Muitos de nós preferem a vida na TV (e na grande tela). Provavelmente o fazem por uma imposição da modernidade, e isso pode se dar quase sempre de modo inconsciente. Um filme como "Goodbye Solo", me faz preferir a vida real. Saí do Cinema me sentindo mais vivo, e quando penso que sentir-se vivo de verdade não é algo que acontece a toda hora, fico devendo uma pro Bahrani.

5 comentários:

  1. bem escrito, fiquei com vontade de ver o filme agora!
    Já ouvisse falar em um filme bem antigo chamado "o baile" ?

    Beijo

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  2. Cinema me faz cada vez mais também preferir a vida real!
    "It's all true" dizia Orson Welles, e concordo com ele, tudo é verdade, até um filme.
    Que o diga os cidadãos americanos que acreditaram na invasão alienigena anunciada por Welles...

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  3. fica devendo uma pro bahrani e pro azimi também, né?

    na verdade, não sei nem se o bahrani escreveu mesmo alguma coisa pra também estar com crédito de roteirista.

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  4. Olha a implicância com os cineastas, nem todos se aproveitam dos roteiristas, hehe. Sei que devo uma pro Azimi também, mas outro cara podia dar uma abordagem totalmente diferente ao roteiro, e aí não ia me tocar tanto. Mas você viu o filme?

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  5. Tá falando comigo?

    Está falando comigo??

    Você está falando comigo???

    by Taxi Driver

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